"A essência da rivalidade futebolística." Assim a FIFA define a relação entre Brasil e Argentina, uma história que começou em 1908, ainda sem ser oficial, e teve mais um capítulo explosivo — e humilhante para nós — na noite de ontem.

Rivalidades grandes, como a que os argentinos alimentam com os ingleses desde a Guerra das Malvinas, nascem de eventos históricos, mas o Superclássico é movido pelo que acontece dentro de campo.

No começo, era só amizade…

Embora a rivalidade histórica tenha marcado o início da relação entre Brasil e Argentina, no futebol as coisas foram mais cordiais. Em 1914, o então presidente argentino Julio Roca criou a Copa Roca, um torneio amistoso para aproximar os países.

Mas as coisas foram mudando em 1920, por um elemento sempre incômodo: o racismo.

O rompimento da relação

Quando a Seleção Brasileira foi à Buenos Aires para um amistoso, foi recebida com uma charge de um jornal local mostrando os jogadores brasileiros como macacos.

A reação foi de revolta total, e muitos jogadores se recusaram a entrar em campo. A CBD (antiga CBF) não aceitou o boicote e colocou até dirigentes para jogar. Com 7 jogadores de cada lado, a partida acabou com derrota brasileira por 3 a 1.

Esse episódio se tornou um marco de humilhação e gerou uma série de confrontos violentos.

• 1937: Na final da Copa América, a arbitragem ajudou os argentinos a vencer, e depois do jogo, os brasileiros sofreram agressões e insultos da torcida e até da polícia local;
• 1946: No Monumental de Núñez, uma briga em campo gerou cenas de caos com policiais argentinos invadindo para agredir os jogadores, incluindo Chico, que desmaiou de tanto apanhar.

O rompimento entre as federações foi inevitável. A AFA e a CBD cortaram relações, e os argentinos nem vieram para a Copa de 1950, como retaliação aos times brasileiros proibidos de jogar na Argentina. Depois disso, ficaram 10 anos sem se enfrentar.

Domínio e disputas históricas

A rivalidade esquentou de vez quando Brasil e Argentina passaram a dominar o continente pós-1950, deixando o Uruguai para trás.

Se a Seleção Argentina é a grande vencedora da Copa América, com 16 títulos, o Brasil se tornou o maior campeão mundial. Ao longo dessa história centenária, jogos históricos aconteceram entre as seleções:

• 🇧🇷 Os brasileiros gostam de lembrar do empate heroico na final da Copa América 2004 e da goleada na final da Copa das Confederações 2005;
• 🇦🇷 A vingança veio nas Eliminatórias de 2006 com o golaço de Riquelme e no título da Copa América em 2021, em pleno Maracanã.

Mas, depois da noite passada, os hermanos já podem acrescentar mais um jogo na lista de duelos memoráveis.

Porrada neles deles!

O confronto entre as seleções começou muito antes da bola rolar no Monumental de Núñez. Nos últimos dias, o atacante brazuca Raphinha deu essa declaração ao afirmar que “daria porrada nos argentinos” em entrevista ao ex-jogador e ídolo nacional, Romário.

Menos de 10 minutos depois, Enzo Fernández ampliou o placar, fazendo com que a a torcida argentina gritasse “olé” logo no início do jogo.

Matheus Cunha diminuiu pro Brasil, mas Mac Allister e Giuliano Simeone fecharam a conta da pior derrota da seleção brasileira para a Argentina em 61 anos.

Mas calma que ainda tem mais…

• Brasil perdeu os últimos 4 de 5 jogos contra a Argentina;
• 1ª vez na história que o Brasil sofre 4 gols em Eliminatórias;
• Última derrota do Brasil pros hermanos em solo argentino tinha sido em: 2005.

E quanto ao Dorival? O treinador, que tem apenas 7 vitórias em 16 jogos sobre o comando da seleção, balança no cargo.

Além de apresentar um desempenho aquém do desejado, os resultados negativos pesam contra a sua permanência. Mas calma que ele garantiu que estaremos na final da Copa, hein? risos.

Um minuto de silêncio para o Brasil que está morto? Bom, isso aí vocês que vão dizer…